domingo, 16 de março de 2008

Cotas para heterônimos: Namarië

Porque essas palavrinhas aí têm, pelo menos, 3 anos de vida. Num momento, digamos, pós-Soldado.



Nas minhas longas tardes de ócio, sentada naquela cadeira verde, engordando que nem uma porca naquele apartamento que, às vezes, parece cheirar a velhice, eu me enxergo como uma mulher de verdade. Anos e anos para chegar nesse patamar de desenvolvimento, de caso e namoro comigo mesma. Paixão antiga e que demorou muito para virar realidade. Parecia que sempre tinha alguma coisa atrapalhando nosso namoro, alguém sempre impedia. Teimavam em ocupar meu coração, até que num belo dia meus olhos se abriram, é bem verdade que a claridade me machucou as retinas, me riscou o rosto e chegou fundo no coração , mas eu acordei. Limpei a lama, o coração ficou vazio e descansado e finalmente quem o ocupou fui eu mesma. Hoje em dia faço questão de só ocupá-lo com quem realmente merece, coração não é lugar de bagunça, de enfiar qualquer um lá dentro. Saber separar quem é digno de ocupar um espaçozinho nele não é coisa fácil. No final das contas o complicado da vida não é saber quem colocar dentro do coração, – coisa q mais cedo ou mais tarde , creio eu , todos nós aprendemos - o difícil mesmo é saber conviver com a dor que as coisas que você deixou penetrarem no coração provocam. Isso sim é um grande desafio. Eu acho que é nisso que a vida se resume: continuar respirando e perceber que, mesmo com os defeitos que provocam feridas, essas pessoas ou coisas estão no nosso coração por um motivo inegável. Nós amamos. Bem, a dor, as coisas ruins, segundo a minha avó, sempre aconteciam por um motivo que seria claramente comprovado no futuro, mas eu estou longe de acreditar nessas máximas sobre o destino. A única coisa que eu posso comprovar sobre as coisas ruins que acontecem com a gente é que elas nunca vêm sozinhas, sempre trazem mais meia dúzia de catástrofes para minha vidinha simples e pacata .