segunda-feira, 9 de junho de 2008

Molico way of life??

O efêmero é especial, singular, brilhante, doce e raro, obviamente. E é para que assim continue ou então seria da mesma beleza que um “bom dia”; a rotina é inimiga mortal da efemeridade. Se o comum vira raro e vice versa, os conceitos se trocam totalmente, mas ainda continuam a dizer a mesma coisa. A grande questão e raridade da efemeridade se localizam em tornar encontros quase diários (e doces demais para que não sejam rotina) tenham a mesma beleza, e brilho, e frescor que a efemeridade possui, só que sem perdê-la no final de cada dia. É possível prolongar o gosto que o efêmero deixa na boca por todo um dia? Até que ponto é crível, sendo vítima, prendê-lo para que não saia pelos poros e que não reflita pureza nos dentes? É plausível engoli-lo e fazer uma antropofagia de quem proporciona condição do efêmero para não perdê-lo mais? Para a última questão, pelo menos, a resposta afirmativa me parece provável.

É como uma assimilação da pessoa menos que do sentimento em si. É guardá-lo numa caixinha lilás no canto da estante para que não vá embora e, assim, tornar a sensação que lhe foi causada como própria, até porque aconteceu com e em você. Aquilo passa a ser parte sua e algo que ajuda a te definir.

Mas essa antropofagia sentimental (ou não) beira o perigo instantâneo e inegável. O amor pela aventura vai sempre existir, assim como a necessidade da segurança. Ao mesmo tempo em que nos jogamos no mundo, ao mundo, acabamos por optar muitas vezes pelo esconderijo, só que o efêmero não vem para quem vive enfiado num buraco escuro e fétido cavado pelo medo. Joguem suas caras ao vento, sejam o vento em suas caras. Mesmo que eu assim não aja, é o que eu gostaria de fazer e continuo trabalhando por. Quando o efêmero vira parte de nós e passa, assim, a estar em qualquer lugar que você esteja (porque é você mesmo) o efêmero vira o mundo e o vento e é ele que meneia as saias com os dedos doces e cheios de idéias. Não se tem mais como ou porque fugir.

Um comentário:

Anônimo disse...

O efemero não é doce nem muito menos raro... apenas se perde em nossos olhos, invisivel pela ampulheta do tempo.